16.6.08

A Terra do Nunca

Meses antes de eu vir pra cá, minha mãe tinha sido extorquida por uma quadrilha que comprou 9 celulares falsificando seus documentos. Dia desses recebi um e-mail que comparava a diferença hoje entre um depósito e um saque no cheque especial de R$100 em 1994. Caso você tivesse depositado, seu saldo seria de R$374,00. No entanto, se a mesma quantia lhe fosse cedida, hoje você estaria devendo R$139.259,00 ao mesmo banco. No mesmo e-mail era citado mais um aumento de salário dado ao presidente e lembrava sua frase de que deveríamos levantar a bunda da cadeira.
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Interessante como a música brasileira é valorizada. A todo tempo escuta-se uma de nossas canções. Seja um samba de Ary Barroso, um reggae da Tribo de Jah, uma bossa de Vinicius ou um funk de um desses bondes. No que se compara a beleza feminina, o Brasil encontra poucos adversários e é um dos motivos que torna mais fácil nossa aceitação como invasores, já que sempre trazemos boas amostras. País conhecido por suas conquistas no futebol, mas também na fórmula 1, no tênis, no iatismo, no vôlei, no surf e no skate. E por um ou outro escritor, pintor, estilista, cozinheiro, arquiteto, pesquisador e cineasta.
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Isso tudo me faz lembrar minhas andanças. A infância na mega-louca São Paulo e as férias em Minas e na Pedra do Baú. O Norte do Paraná da soja e do gado, das trilhas de bike e das paredes de basalto e arenito. As praias de Santa Catarina e sua Ilha da Magia. As tantas outras praias, do Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Piauí. Os mergulhos em Bonito. A Chapada dos Diamantes, que transforma em realidade todo delírio, e vice-versa. Iguaçu, lugar ideal para um banho nu. Nossa mata, a Atlântica, que faz feliz quem ainda pode usufruí-la. Nossa floresta, a Amazônia, o gigante incomodado.
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O chimarrão no fim de tarde do inverno gaúcho e a água de coco no mesmo horário do verão de Ipanema. O pôr-do-sol de Jeri, o centro de São Luiz, o São João de Caruaru, os alagados do Marajó e as montanhas do Rio. O Tibagi, o Paraná, o Paranapanema, o Tiête, o Madeira, o Parnaíba, o Amazonas, o Negro, o Tapajós e o São Francisco. O açai, o feijão, a tapioca, o acarajé, o guaraná, o doce de leite, o quindim, a manga e o café. O forró, o samba, o maracatu, a capoeira, o tambor de crioula e o daime. Mais que lugares, sabores e tradições, me lembram olhares, emoções e pessoas.
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Brasil me lembra jornal na TV. Meia-hora ali que passam os acontecimentos do dia no país e no mundo. As notícias políticas e econômicas, quase sempre girando em torno dos mesmos assuntos e conclusões. As guerras pelo mundo. As brigas entre policiais e traficantes, a tia que roubou porque estava com fome, a greve dos trabalhadores, os hospitais sem água e a fila de velhinhos no INSS. Daí entram os gols, o cara sorri, fala boa noite e começa a novela.