12.6.08

Alfa, beta, gama... Delta!



Um rio pode desembocar no oceano em forma de estuário, isto é, da mesma maneira que o leito segue todo seu curso suas águas unem-se ao mar, todo de uma vez. Ou então em forma de delta, formação não muito comum, quando o rio divide-se antes de desaguar no mar formando caminhos diferentes e , em consequência disso, muitas ilhas. Temos, no Brasil, o Amazonas com sua foz em estuário e o Parnaíba que forma um majestoso delta antes de tornar-se Oceano Atlântico. Popularmente conhecido como Delta das Américas, por ser o maior do gênero em mar aberto do continente.
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Chegando em Tutóia, precisávamos tomar um barco para chegar à cidade de Parnaíba. Após a construção de uma rodovia que interliga as duas cidades este trajeto feito por terra se popularizou, culminando na escassez de barcos em circulação. Hoje existe somente um, o Cidade de Tutóia, que segue de Parnaíba para Tutóia às segundas, quintas e sábados e faz o trajeto inverso às terças, sextas e domingos.
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Ao chegarmos em Tutóia, pretendíamos tomar o barco logo no dia seguinte. Levantamos, arrumamos nossas coisas e fomos até o cais. Para nossa surpresa, naquele dia não haveria barco, já que ele não havia vindo de Parnaíba no dia anterior, em virtude de um feriado. Só nos restava esperar três dias, que foram desfrutados na pacata cidade sem internet de Tutóia, no aconchego da Pousada Jagatá, onde o proprietário, Marcos, nos deixou passar esses dias.
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Finalmente embarcamos logo cedo numa sexta-feira ensolarada. Nos acompanharam uma família mineira, um argentino, um casal italiano, um carneiro e poucos moradores da região. A viagem de 8 horas passa por muitos canais que formam o delta. Dos dois lados pode-se apreciar os muitos manguezais com uma vegetação bem densa. Aqui e acolá surgiam praias muito bonitas de areias bem claras.
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O lugar mais procurado da região é a Ilha do Caju, com praias de mar aberto. Outro atrativo é a observação de aves, seja em bandos ou solitárias, sempre despertavam a curiosidade dos olhares mais atentos. Vez ou outra o barco parava em alguma vila para troca de passageiros e de mercadorias. Uma das principais fontes de renda da região é a coleta e venda de caranguejos, que são comprados ali por atravessadores que os vendem bem mais caro aos frigoríficos e restaurantes das cidades grandes. Claro que quem ganha menos nessa história é o catador. É a lógica de mercado atual.
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O dia deu lugar à noite e já estávamos próximos de Parnaíba. Descemos no Porto das Barcas, charmoso ponto de encontro da cidade, e fomos procurar por uma pousada. Após algumas horas de procura e conversas com recepcionistas, fizemos amizade com uma delas, Clayce, que nos ofereceu a sala de sua casa para armarmos as redes. Mais uma economia em tempos de contenção de gastos e mais uma bela amizade!
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Um dos roteiros mais interessantes do Brasil sem dúvida é a travessia que se faz dos Lençóis Maranhenses à Jericoacoara, ou vice-versa, passando pelo Delta do Parnaíba. Encontram-se muitas belezas naturais neste caminho. Imagens e sensações únicas em cenários perfeitos. E embora bem curto o litoral do Piauí guarda praias lindíssimas, como Macapá, Cajueiro da Praia e a famosa Pedra do Sal. Daí entramos no Ceará, um rico estado, o sexto da Expedição Redescobrir.