12.6.08

Amazonas: O esplendor do rio-mar

Esplendor: a melhor palavra para descrever o sentimento que transmite o Amazonas, maior rio do mundo (pela quantidade de água, sem dúvida). Majestoso rio-mar! Às vezes nos confundia, pelo seu tamanho, não deixava saber se era rio ou se era mar. A viagem de Manaus a Belém, que levou quatro dias a bordo de um navio, foi impressionante.
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Fomos surpreendidos no porto de Manaus pela recusa do dono de um barco em aceitar as passagens que haviamos comprado numa agência. Lá em Manaus, pode-se comprar as passagens no guichê do porto por R$236 ou atrás do mercado público com agências pelo melhor preço que conseguir. Com a habilidade que estamos desenvolvendo na arte da pechincha, conseguimos comprar cada passagem por R$125 e esse foi o motivo da atitude do dono do barco, já que ele queria no mínimo R$170. Com toda nossa bagagem já a bordo e com tempo escasso, fomos obrigados a trocar de embarcação.
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Nos instalamos no Amazon Star, agora por R$150. Um navio gigantesco, um amontoado de ferro que nos deixou em dúvida se flutuava mesmo. Péssima comida. Deixamos Manaus e logo pudemos apreciar o famoso encontro das águas dos rios Negro e Solimões, um show singular. O navio seguiu rumo leste com a correnteza a favor, sem parar, noite adentro.
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O principal porto do caminho é Santarém, onde o navio atracou para subistituição da carga. Do convés saíram seis lanchas e entraram algumas peças gigantes de carne bovina, que virou a sopa da última noite. O navio voltou a ativa e já passou por outro encontro de águas, desta vez o Tapajós, com suas águas esverdeadas correu separado por longo tempo das águas barrentas do Amazonas.
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O ponto alto da viagem foi a travessia do Estreito de Breves, próximo a Ilha de Marajó. Além do fato da floresta estar mais próxima, toda vez que o navio passava por alguma comunidade ribeirinha, surgiam diversas canoas conduzidas geralmente por mulheres e cheias de crianças que faziam movimentos com as mãos e imitavam um som de bicho. Elas estavam ali pedindo comida e roupas, que eram atiradas aos montes, em sacolas de plástico, pelas pessoas do navio. "É uma forma de purificar-me. Lá na cidade eu tomo minha pinga e tá tudo certo, não tenho problemas..." dizia um companheiro de viagem que levou as sacolas já prontas para serem atiradas. Muito comovente essas cenas.
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Na última noite da viagem vimos pela TV o show dos Rolling Stones na praia de Copacabana. Uma antena parabólica instalada no barco recebia as imagens e nos deixou mais próximos das mais de um milhão de pessoas que estavam no local. Ali, no coração da Amazônia, estavamos conectados àquele grande evento.
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Chegamos em Belém do Pará, a terceira capital. Encontramos com nossas duas companheiras de viagem: as bicicletas e assim encerramos a primeira parte da Expedição Redescobrir. Vamos passar duas semanas aqui antes de partimos para São Luis do Maranhão e entrarmos na região nordeste.