12.6.08

O encontro com o mar e com Jesus no Maranhão



É a terra de Sarney. E também de Ferreira Gullar, Bandeira Tribuzzi, Arthur de Azevedo e Henrique Beckmann. E de Zeca Baleiro, Humberto do Maracanã e da Tribo de Jah. A terra do reggae, do bumba-meu-boi e do tambor de crioula. Do cuxá, do doce de espécie e do arroz de Maria Izabel. Vou lhes contar a história de nosso encontro com o mar e com Jesus. Claro que estou falando do Maranhão.
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Impressionante como a distância que separa Belém de São Luis guarda tantas discrepâncias e marca a fronteira não só entre o norte e o nordeste, mas separa um ecossistema de floresta para um que vai se transformando pouco a pouco. Primeiro os alagados de bufálos vão dando lugar às criações de mulas, quase sempre soltas. As árvores imensas com copas grandes são substituídas por palmeiras e coqueiros e a população não mais é influenciada pela cultura do índio e do caboclo, mas sim do caiçara e do negro. Daquele escravo que construiu as casas, que pavimentou as ruas e desenvolveu a capoeira e cantou sua tristeza. O rio cedeu seu trono ao mar, que tranquilo marca o ritmo da cidade com sua maré oscilante. E nós fomos presenteados com essa imensidão e com as bençãos de Iemanjá.
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Pedalamos 80km entre Pinheiro e Cujupe, já no Maranhão e chegamos à capital pela balsa que atraca num porto distante. Nos instalamos no pitoresco centro histórico da cidade, onde estão preservados casarões de uma época em que o Brasil sequer era uma democracia, revitalizados pelo Projeto Reviver, que hoje dá nome ao lugar e onde acontece o forte movimento noturno. Para nossa surpresa, recebemos um convite do Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Maranhão para nos alojarmos no quartel, onde passamos todo o tempo de nossa estada na cidade.
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O centro é marcado por ruas e becos, ladeiras e esquinas que sobrevivem ao tempo e são as maiores testemunhas da história da cidade. Nascida francesa, transformou-se em holandesa e depois portuguesa e é o fruto dessa mistura que dá vida e um colorido especial às suas tradições. É lá que acontece o tambor de crioula, dança maranhense tocada por homens e dançada somente pelas mulheres, muito animada e marcada pela tradicional fogueira que aquece e amacia a pele dos tambores. É no centro também onde podemos dançar o enraizado reggae que é a trilha sonora não só de São Luis mas de todo estado, trazendo a harmonia de suas melodias para o dia-a-dia.
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A cidade é separada pela baía de São Marcos e a partir das duas pontes que a atravessam chega-se às praias, que começam na Ponta da Areia e vão até a Raposa, transformando-se nas praias de São Marcos, Calhau, Olho D´agua e Araçagi. É também onde estão os bairros mais populosos e mais adiante os municipios de Paço do Lumiar e São José de Ribamar, de onde saem barcos para uma imensidão de ilhas e vilarejos da costa.
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Inevitável retratar como aconteceu, logo na primeira cidade maranhense, lugar ermo e sombrio, num posto numa rodovia qualquer, logo ali, o nosso inesquecível encontro com Jesus! Um encontro marcado pelo cansaço de uma viagem longa. Foi a satisfação de um verdadeiro sonho cor-de-rosa. Com uma fórmula secreta e cor atraente, Jesus é a inigualável bebida maranhense!
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O que podemos dizer é que o Maranhão é uma grande redescoberta! Avante!